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BARRA DE SÃO MIGUEL, TURISMO DE EXPERIÊNCIA EM COMUNIDADES LOCAIS E ANCESTRALIDADE

  • Foto do escritor: Leidy Indicatti
    Leidy Indicatti
  • 13 de jan. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 15 de jan. de 2021


O básico faz parte do passeio, mas as melhores

lembranças são criadas no diferente


Conforme comentado no post anterior, o turismo tradicional tem um foco muito grande na Praia do Francês e na Praia do Gunga mas, a Barra de São Miguel, que fica entre estas duas, guarda opções marcantes.


Vista do mirante do Gunga
Vista do mirante do Gunga

Em primeiro lugar: o ideal é você dormir por ali em Barra de São Miguel porque ir e voltar de Maceió pode se tornar bem cansativo. Obviamente você precisa fazer o básico que é ir até o Mirante, ver a paisagem linda lá de cima e dar uma paradinha na Praia do Gunga (e fazer um tour de quadriciclo). Para o mirante, tente ir ao final de tarde para não pegar o local cheio.


Também é importante dar uma passadinha na Praia do Francês para conhecer (vá com a mente paciente pois ali há muitos grupos e ônibus de turismo). Além disso, há uma praia mais ao sul chamada Dunas de Marapé que, se sobrar um tempinho, suuuuuper vale a pena.



Leidy com o guia Daniel
Guia Daniel, à direita

But, agora vou falar sobre as experiências de essência, aquelas bem reais que valem a viagem, sabe? Em Barra de São Miguel existe um guia anfitrião que trabalha com esse turismo de experiência desde 2012, o Daniel. Ele está envolvido em alguns projetos muito interessantes na comunidade e fizemos 3 tours com ele.





Comunidade da Palatéia


De canoa pelo mangue
De canoa pelo mangue

Composta por 120 famílias que vivem no meio do mangue. Em 1984 esse local se transformou em uma reserva e, por se tratar de uma comunidade carente, eles tiram seu sustento da lagoa e é por isso que o turismo entra como uma nova ferramenta no auxílio social e de esperança de uma vida melhor para essas famílias.


Aqui também há um projeto chamado Pescadores de Mel, que é a segunda fonte de renda da comunidade. A própolis vermelha foi descoberta pelos japoneses e depois patenteada pelo governo do Alagoas. Pense que, para a indústria farmacêutica, 1 kg custa R$ 1.300,00. O Daniel é um dos idealizadores e organizadores deste projeto social e a conexão com os moradores é algo incrível.


O "segurança" das ostras

Além disso, navegamos pelo Rio São Miguel, o primeiro rio a ser navegado pelos Portugueses no Brasil em uma expedição de Américo Vespúcio. O que esperar: interação com a comunidade e seus costumes, degustação de ostras frescas e caldinhos no restaurante local, além de um passeio de canoa até o maior criatório de ostras do estado.





Comunidade Ecológica Terra de Índio


Fica dentro de uma área de um antigo canavial que está sendo reflorestado através da agroecologia e o terreno onde está a Comunidade Terra de Índio vem sendo desenvolvido na prática da permacultura (cultura permanente), que consiste em um sistema de planejamento de ambientes humanos sustentáveis e possibilita conexões incríveis com a natureza e com você mesmo. É possível fazer uma trilha, meditações, terapias holísticas ou simplesmente praticar o nadismo (a arte de não fazer nada).


Comunidade indígena de Palmeira dos Índios


O município de Palmeira dos Índios fica a um pouco mais de 2h de Maceió. Eu mesma nunca tinha ouvido falar, mas a história da cidade compreende figuras muito conhecidas do povo brasileiro. Lembram de Graciliano Ramos? Eu li na escola o livro Vidas Secas (lembro que foi meu primeiro contato com o sertão nordestino, o que me emocionou muito) e aqui fiquei sabendo que o escritor foi prefeito da cidade. Enfim, é aqui que viemos parar. No agreste alagoano, longe das praias badaladas e em busca de uma experiência diferente.


Ouvir, ouvir e ouvir
Ouvir, ouvir e ouvir

Nos arredores dessa cidade vive uma comunidade indígena, uma reserva com 150 famílias das tribos Xucuru-Kariri. Obviamente tem que ser levado em consideração que aqui encontram-se índios do século 21. Não espere encontrá-los nus ou qualquer ideia que faz parte do imaginário coletivo. Eles são sobreviventes de um sistema que os expulsou e essa visita serve, acima de tudo, para você conversar com este grupo que tenta manter as suas tradições mesmo depois de séculos de genocídios.




Maraca, presente do Pajé
Maraca, presente do Pajé

É um tour transformador pois você embarca em uma experiência cultural e descobrirá coisas curiosas sobre as aldeias indígenas da Chapada da Borborema. O solo é sagrado e, por isso, são necessárias uma autorização especial e uma organização com antecedência pois, em períodos específicos, o grupo fica recolhido em seus rituais (onde brancos não entram). Conexão e ancestralidade é o que resume essa experiência. No final, ganhei uma Maraca (vulgo chocalho) do Pajé. Fiquei emocionada pois este é um instrumento de grande poder segundo as tradições indígenas.




Como me senti quando...


Colhendo ostras frescas
Colhendo ostras frescas

...adentramos o território de uma comunidade muito pobre, chamada Palatéia.


Um bairro pobre, de estrada de chão e casas de pau a pique. Ribeirinhos tiram seu sustento do rio e do mar, as mulheres trabalham em frente as suas casas tirando casca de sururu e crianças de 3 anos brincam e correm livremente por ali. A cena parece ter saído de um livro que li há muito tempo, ainda na época da escola.




Felicidade + caldinho de sururu
Felicidade + caldinho de sururu

Senti esperança quando vi o sorriso da Dona Maria, a dona do “restaurante”. Os olhos brilhavam pois o projeto já possibilitou grandes melhoras na vida dela e mais algumas estavam por vir, como por exemplo construir um chão adequado para o empreendimento para não deixar os clientes pisando na terra enquanto tomam o caldinho de sururu. Ah, o caldinho! O melhor que provei em todo Alagoas. Saboroso e feito de forma caseira por essa mulher que, mesmo em um breve momento, me ensinou tanto.






Obrigada por nos acompanhar.

 
 
 

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